A Região Sul concentra 90% da produção de trigo e é conhecida por ter um inverno rigoroso, com chuvas, geadas e frio intenso. Porém, neste ano, a estimativa é ter temperaturas mais amenas e precipitações dentro da média, fatores que têm tudo para favorecer o plantio do trigo. Mas, claro, traçar um planejamento durante a semeadura pode ser crucial para evitar perdas.
A semeadura de trigo no Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina iniciou em maio e seguirá durante o mês de julho, e cada região apresenta suas particularidades de clima, solo e ciclo das cultivares.
Para 2020, a expectativa é de clima favorável aos cultivos de inverno, com temperaturas amenas e precipitações na média histórica, acima de 100 mm/mês. Neste cenário, o risco pode estar associado às baixas temperaturas, com geadas que, dependendo do estágio da lavoura, podem resultar em perdas significativas no trigo.
Perdas por geada
Cerca de uma semana após a geada, aparecem os prejuízos causados nas plantações de trigo, como a queima nas folhas ou danos nas espigas, que soltam facilmente das plantas ou se mostram esbranquiçadas. As perdas maiores acontecem no espigamento e na floração, quando, além de falhas na granação, pode ocorrer a morte total da espiga. Durante a fase inicial do trigo, mesmo sob geada intensa, pode até ocorrer perda de algumas plantas mas, pela compensação dos afilhos, o rendimento da lavoura não fica comprometido.
Planejamento como estratégia
A principal estratégia para gestão do risco climático é o planejamento da semeadura, que deve considerar o risco de geada especialmente no espigamento do trigo, que é o período mais crítico. Essa orientação é seguida pelos pesquisadores que desenvolve o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), indicando os períodos de semeadura do trigo (por decêndios), para cada munícipio produtor do cereal no Brasil. Baseado em séries históricas de clima, modelagem e simulação de riscos, o ZARC permite identificar os períodos de semeadura em que há menor chance de frustração de safra devido a eventos climáticos extremos. Porém, essa ferramenta não alcança características de microclimas dentro de um mesmo município. Para ajudar o produtor a ser mais assertivo, a Embrapa sugere definir a data de semeadura no trigo com base na média do número de dias de desenvolvimento da cultivar